quarta-feira, 16 de abril de 2008

Eu tava brincando,mãe!

6 anos de idade. Época das cicatrizes, da vontade de não tomar banho, do xilique pra não ir à escola e, principalmente, idade em que a gente faz uns pedidos que podem ser irreversíveis.
Eu gostava tanto dos meus 6 anos! Nada de preocupações,nada de dor de cabeça... a única parte ruim era quando a minha mãe me trancava no banheiro e dizia que eu só iria sair de lá depois que eu tomasse banho, não era tão legal também quando eu dava um enorme xilique porque ela não amarrava um cadarço igual ao outro e eu sempre tinha que levar uma surra antes de ir pra escola. O que eu podia fazer,ué? Não estava igual mesmo!
Além disso ainda tinha aquela lancheira enorme com o formato da cabeça da Mônica que só me fazia passar raiva. Até hoje eu não entendo como eu conseguia carregar aquilo enquanto arrastava aquela mochila maior ainda e que só me fazia tropeçar. Fora isso,tudo era muito bom.
O tempo foi passando e eu,que era a caçula,comecei a sentir falta de ter alguém com quem eu pudesse brincar o tempo todo já que nem sempre meus amigos podiam ir lá em casa.E a única companhia que eu tinha era uma babá idiota que ficava dançando "boquinha da garrafa" o dia inteiro.Foi então que eu pensei ter tido a melhor idéia de todos os tempos. Olhei pra minha mãe e...

- Mãe! Eu quero um irmãozinho!

Já nem lembro mais qual foi a reação dela quando eu disse isso.Só sei que depois de alguns meses,eis que surge Juninho.
Morri de felicidade! Afinal de contas,eu teria com quem brincar!Mas, mal chegou, e com 3 meses,o tal do Juninho nem cabia mais no meu colo. A partir daí eu já passei a não gostar mais da minha brilhante idéia.
O jeito era esperar crescer pra ver no que dava. Cresceu, lógico, ganhou um microfone azul e virou meu parceiro de repertório dos Mamonas Assassinas. Cresceu mais um pouco e, de parceiro,acabou virando adversário. A gente brigava até por causa de balinha!
Continuou crescendo,crescendo e crescendo até que virou o que é hoje: Uma criatura abençoada que tem o quíntuplo do meu tamanho,metido a playboy,com um cabelo que até Jesus desconfia se aquilo ali é moicano e que ainda acha que andar com mola no tênis é a coisa mais linda do mundo.
O tal do Juninho virou um Junão e,não satisfeito em ser o que já é, arrumou um tal de um tantan pra tocar o dia inteiro e mais um pedaço da noite também. Aí vocês pensam " o que tem demais nisso? Deixa o menino!"
E eu digo...
"Vem aqui tentar estudar às 0:00 com um escandaloso no quarto ao lado,vem?!"


Será que ainda dá tempo de devolver?

terça-feira, 8 de abril de 2008

Me and my handsome Curriculum vitae!

Eis que semana passada dona Daniella se desespera e começa a enviar currículos a todos os buracos dos quais ela se lembra, buracos que pessoas indicam, buracos que aparecem em comerciais de tv e, principalmente, àqueles buracos pertencentes aos santos classificados de nossos bonitos jornais de cada dia.
Não tenho a mínima paciência pra isso, fato. Mas, já que a situação passou do nível "mamãe pode ajudar" para o "ou você arruma um emprego ou morre de fome" o melhor foi dar a cara pra bater e tentar arrumar alguma coisa o mais rápido possível.
Pela primeira vez na vida tive o ânimo de fazer um currículo que prestasse. Praticamente um livro! Tudo bonitinho,organizadinho...dava gosto de ver. Nem eu mesma acreditei que aquilo lá era meu. Enfim. Hora da foto, eu penso: "Você não vai escolher a pior das piores como você fazia antes,né? Pega aquela ali que é a melhor.Você tá com cara de gente. E, melhor ainda, cara de gente séria!" Ótimo. Foi aquela lá mesmo.
Currículo pronto, chega a hora de começar a rezar enquanto envio 30.000 emails para lugares que semana que vem eu nem lembrarei o nome. Como ainda não me ligaram de nenhum lugar suspeito, é sinal de que eu ainda estou enviando para o rumo certo.
Quarta-feira,um cidadão liga aqui em casa. Educado demais, por sinal. Diria até meio forçado...mas, já que eu mandei o tal do currículo lá para a bendita empresa que a criatura trabalha, o jeito é aguentar o interrogatório dele.
"Onde você mora?","Quais idiomas você fala?", "Qual o seu horário disponível?" e blá,blá,blá. Até aí tudo normal, não fosse quando eu comecei a desconfiar de que ele estava interessado demais em saber dos meus horários e, principalmente, do meu tempo livre.

-Você pode vir aqui hoje?
-Não.
-E amanhã de manhã?
-Não.
-E amanhã à tarde?
-Também não. Moço,eu trabalho à tarde inteira e mais um pedaço da noite.Não dá!
- Hum. E à noite,você tem tempo livre? Como é seu nome mesmo,princesa?

Princesa?! Pára,pára,pára. Como assim? Desde quando fazem entrevista pra emprego à noite? Ou melhor,às 9 da noite? Desde quando emprego corre atrás dos outros?Peraí...princesa?!

- Então,quando você vai ter um tempo livre pra eu poder te ligar?
- Moço,me passa seu número que eu mesma ligo caso me interesse,ok? Ah,e outra coisa,namorado eu já tenho,o que eu tô procurando mesmo é um emprego. Obrigada.

E bati com o telefone na cara dele.
Depois dessa,quando me falarem que Daniella e,principalmente Daniel,não valem nada eu vou ficar calada. Ô raça ruim!
Foto em currículo nunca mais!
Morro desempregada.